quarta-feira, 6 de março de 2013

Presentear com flores é sinal de delicadeza

Entre as flores, as rosas são, sem dúvida, as mais vendidas. Seja pela imensa gama de cores ou pelos tamanhos que têm, agradam namorados, amigos próximos e familiares com seus mais diversos significados. As vermelhas simbolizam a paixão, as brancas são elegantes, as amarelas e alaranjadas transmitem alegria. Floristas e fornecedores de flores são unânimes em assegurar que o comércio dessas plantas anda em alta em Curitiba. Os buquês de rosas e os arranjos prontos são os mais vendidos e, para atender a demanda, fornecedores de outros estados suprem o comércio local. Para presentear, principalmente as mulheres, muitos ramalhetes e arranjos de rosas são vendidos todos os dias na floricultura da Pracinha do Batel, em Curitiba. O vendedor e florista Jocelino da Rocha explica quais são as preferenciais e porquê. “Por representar amor e força dos sentimentos as rosas vermelhas são as mais pedidas, depois vêm as outras”, conta. De acordo com o florista, as cores das rosas influenciam homens e mulheres na hora da escolha da flor. “Algumas pessoas dizem que retirar os espinhos significa que entre os dois está nascendo uma relação afetiva”, conta. Rocha ensina que as rosas quando colocadas na água limpa e trocada diariamente continuam bonitas por vários dias. Arranjos Os arranjos em vasos são a segunda opção, pois facilitam a vida de quem os recebe, sem exigir que a pessoa tenha um outro recipiente para acomodar as flores. Por esta facilidade, entram na lista dos mais vendidos. Para Tochio Massaki, principal fornecedor de um dos dois quiosques de flores da Pracinha do Batel, o mercado está bom. Além dos buquês e arranjos, plantas para jardins ou ambientes internos e mudas também encontram clientela. “Boa parte dos pedidos vêm de São Paulo, porque só a nossa plantação local não está sendo suficiente para atender a demanda”, diz. Símbolo do amor Para quem acha que só os casais de namorados presenteiam-se com flores, Rocha garante que presentear pais, avós e outros familiares também é muito comum. “A gente, às vezes, até ajuda a escrever o cartão de aniversário para o pai ou para a mãe de compradores que nos pedem ajuda sabendo da nossa experiência”, confessa. Moda eterna Embora venha caindo em desuso, o cavalheirismo e a boa educação nunca saíram, nem sairão de moda. Presentear com flores é um gesto de delicadeza, de elegância e de afeto. Quem oferece flores a alguém sabe que elas murcharão. Todavia, o amor contido no gesto permanecerá vivo, por isso o comércio das floriculturas será permanente. É possível dizer que este mercado é movido pelos sentimentos, pelo gosto pelo belo, portanto, enquanto houver amor, haverá flores para simbolizá-lo. Sem planejamento, mas em expansão Um levantamento do comércio de flores em Curitiba foi realizado, em 2001, por alunos de Agronomia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC). Ana Paula Conter Lara e o Ruy Inácio Neiva de Carvalho, estudantes na época, pesquisaram 34 floriculturas escolhidas aleatoriamente, em 11 bairros de classes alta, média e de baixa renda da cidade. Nas respostas obtidas, observou-se que 34% dos floristas escolheram a profissão por gostar da atividade. Outros 24% seguiram o negócio familiar, 21% optaram por trabalhar no ramo em função de experiências anteriores, 12% não sabiam dizer o motivo, 6% apostaram nas perspectivas de lucro e 5% não responderam. Não houve respostas que justificassem por opção de mercado. As respostas mostraram que não houve, por parte dos comerciantes, um planejamento prévio de mercado, fato que pode prejudicar o desenvolvimento e consolidação do negócio. Em contrapartida, a maior parte das floriculturas analisadas funciona há mais de dez anos (38%), seguidas por empresa com mais de cinco anos (26%), 12 % com três anos. O que demonstra que o negócio, mesmo sem grande planejamento profissional, é rentável. Principal fornecedor A maior parte das floriculturas compra as flores de São Paulo, (76%) outros 11% comercializam produtos de Curitiba, 8% comercializam sua própria produção e 5% compram produtos de Santa Catarina. A propaganda das floriculturas é realizada principalmente por meios de cartões, 41%; seguidos por jornal 10%; televisão 7%; rádio 7%; distribuição de folhetos 7%; internet 3%; revistas de decoração 3%; panfletos 3%; placas 3%; faixas 3%; ímãs de geladeira 3% e os 10% restantes não fazem propaganda. A falta de investimentos em propaganda reduz, obviamente, a procura pelo serviço. Produtos Em relação a outros serviços, 25% das floriculturas atendem a encomendas de clubes, 21% produzem coroas para funerais, 18% projetam paisagismo, 15% oferecem o serviço de entrega, 6% confeccionam cestas de café-da-manhã e 15% não oferecem serviços diferenciados. Ainda segundo a pesquisa, a maioria dos funcionários é contratada sem experiência anterior no ramo (55%). Só 15% exigem curso na área e apenas 3% cobram de seus funcionários o segundo grau. Com isso, os pesquisadores constataram que o serviço não tem uma orientação adequada ao consumidor, o que limita o sucesso na comercialização. Consumidor Para analisar o perfil do consumidor, 80 pessoas de diferentes idades, formações e níveis socioeconômicos foram consultados. Dos consumidores que visitam floriculturas, 59% sempre compram flores, 29% compram somente em datas festivas e 12% compram às vezes. A maioria das floriculturas 74% tem uma freguesia fixa enquanto 14% dizem ter compradores eventuais e 12% não responderam. A maior parte dos entrevistados (74%) compra flores para presente, 25% para decoração e 10% por hábito. Destes, 64% escolhem a floricultura pela proximidade, 21% fazem pesquisa antes de comprar, 12% por recomendação e apenas 3% pela divulgação. Portanto, a proximidade de casa ou do trabalho faz a maioria comprar flores em seu trajeto habitual. Floricultura de luxo é um segmento significativo do mercado O mercado de eventos e festas tem crescido significativamente nos últimos anos. Não há dados concretos que mostrem este incremento, pois os registros são separados por áreas de atuação, principalmente no mercado de eventos corporativos, tais como congressos, feiras, seminários e palestras. Já os eventos sociais, que são os que movimentam mais dinheiro no setor, não têm pesquisas que englobem todo o município. O Clube Curitibano, um dos mais tradicionais da cidade, oferece aos associados três grandes salões para festas tais como casamentos, aniversários de quinze anos, entre outras comemorações. De acordo com a gerente do departamento do clube, Eliane Zampieri, todos os finais de semana de 2010 já estão reservados para sócios, à exceção daqueles em que o próprio clube realiza seus próprios eventos. Segundo ela, o salão maior, com capacidade para até 800 pessoas, costuma ser ocupado para festas de casamento. Eliane explica que o custo médio da decoração floral do salão varia entre R$ 30 mil e R$ 200 mil, dependendo do tipo de decoração escolhida. “Sem dúvida, as flores estão entre os itens mais caros de uma festa”, explica ela. Eliane é a responsável pela coordenação dos bailes e festas do próprio clube. De acordo com ela, existem na cidade cerca de seis ou oito floriculturas de primeiro nível, em condições de atender às demandas mais sofisticadas. “Nossas principais festas aqui do Clube Curitibano são os bailes de debutantes, Ano Novo e aniversário do clube. Nestas ocasiões, contratamos a Flor de Lis, uma das mais tradicionais de Curitiba, ou a Gazebo Flores, com características mais modernas”, diz. Obras de arte Segundo o florista Mauro Tessler, proprietário da Gazebo Flores, não foi apenas a decoração floral que mudou nos últimos anos. “Os eventos como um todo se profissionalizaram”, explica. Proprietário da Gazebo há 24 anos, Tessler trouxe a Curitiba uma forma mais contemporânea de criar arranjos de decoração. “Nós ousamos trazer a escola novaiorquina de flores, que hoje já está bem disseminada”, lembra. Os arranjos da Gazebo são trabalhos de design floral, por isso são considerados quase uma obra de arte. Neste tipo de produção, não é apenas o valor unitário da planta que deve ser contabilizado, mas sim a criação, a harmonia na escolha das qualidades de flores e cores. “Por isso são mais caros”, completa. O mesmo acontece com o trabalho da florista Tina Gabriel, proprietária da Tina Gabriel Flores, outra loja bastante recomendada quando o assunto é luxo. Tina se reúne previamente com seus clientes para discutir a concepção do evento. “É preciso saber qual o clima da festa para escolher não apenas a flor, mas a disposição dela no arranjo, o material no qual o arranjo será montado”, orienta. Flores para última homenagem De acordo com Ana Maria Choinski proprietária de uma floricultura que funciona há mais de quarenta anos ao lado do cemitério do Água Verde, em Curitiba, a melhor época para o comércio de flores é o dia de finados. “Pela proximidade com o cemitério, as coroas de flores e os arranjos em vasos são o nosso carro-chefe,” afirma. Choinski garante ainda que vende vasos e arranjos de flores todos os dias para pessoas que não vão ao cemitério. Segundo ela, a floricultura é um negócio que passou de pai para filho e nunca precisou fechar. Mesmo sem grandes investimentos em propaganda, que é feita somente através de cartões, o negócio prospera e vai muito bem.